Numa sociedade onde a mulher faz de tudo e, muitas vezes,
não é valorizada, imagina uma encarcerada”, declara Fernando Pedro Maria, ator,
historiador e diretor do espetáculo Encarceradas.
A peça volta em cartaz neste fim de semana, nos dias 01 e
02 de abril, às 20h, no Teatro do Cuca, para mais uma temporada, e retrata o
esquecido ambiente carcerário feminino.
É uma montagem que emociona, faz rir do que não tem a
menor graça, leva o público a refletir junto com o elenco e dá um soco
necessário no estômago de uma sociedade que vive a fingir que aquelas mulheres
presas nem existem.
O que as levou ao crime? Como é o dia a dia? Encarceradas
fala de abandono, da dor da saudade, de criminalidade e conta diversas histórias
que muitos nem imaginam existir.
“Encontrei um grupo de atores corajosos para tratar de um
assunto denso, polêmico e necessário. Além de levar entretenimento,
Encarceradas me realiza por levar ao palco mais que uma peça de teatro, mas uma
questão social. E, para mim, é muito importante entender a arte dessa forma”,
declara Fernando.
Através do teatro realista de Stanislavski e com uma
linha Brechtiana de apresentação, a peça é fundamentada em mais de dois anos de
pesquisa teórica e de campo. O elenco visitou o presídio de Feira de Santana
onde fez o seu principal laboratório, se surpreendeu com as histórias ali
conhecidas e inspirou a construção dos seus personagens.
Política é política
Ação social é ação social. Arte é arte. Mas quando a
gente consegue fazer disso um mosaico e entrega para o público, a gente espalha
a oportunidade de discutir questões importantes. Com essa montagem, a gente
consegue fazer o papel do autêntico artista que é fazer as pessoas entenderem a
sua sociedade, se vislumbrarem e refletirem sobre ela”, explica a atriz
Elidiane Souza.